Não consigo ser persuadido pelo discurso
hipócrita de que “somos todos iguais”, no sentido de negros e brancos. Perante Deus,
sim. Mas diante sociedade, não. A negativa deve-se à realidade dos fatos. Na
prática, as palavras que formam a frase acima são vácuas. Por mais que parcela
da sociedade tenta camuflar, na tentativa de desviar o foco, posso afirmar,
abertamente, que o racismo é evidente, sim, no Brasil.
O dia a dia revela de
tudo um pouco. Só mesmo quem tem a pele escura consegue entender a situação
lamentável enfrentada ainda nos dias atuais. Por isso, neste “Dia da
Consciência Negra”, por exemplo, não vejo como uma comemoração.
Analiso mais
como uma data reflexiva sobre a situação do negro. São João da Boa Vista, aqui no interior paulista, é uma das poucas cidades que aderiram à reflexão. Desde 2006, o município permite o feriado, por meio de uma lei municipal.
Já ouvi muita gente dizer
que não é necessário chamar a atenção porque, hoje, acabou-se a indiferença. Se
não há racismo, por que é raro ver negros capacitados ocupando postos elevados?
Por que o número de políticos negros é pequeno? Por que é difícil ver uma
modelo negra? Por que a maioria das lojas não tem recepcionista negra? Por que
há pouquíssimos professores negros? São apenas
alguns dos pontos tristes.
Se o racismo é mínimo, no Brasil, por que essas
perguntas continuam difíceis de serem respondidas? Todo o mundo sabe o que responder, mas,
camuflar é mais confortável pra quem não vive a situação.
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