Uma semana após a partida de minha noiva, Rosângela dos Santos Nogueira,
a inesquecível “Tia Rô”, pessoa maravilhosa com quem convivi nos últimos 7
anos, criei forças, vindas de Deus, para escrever um pouco sobre essa mulher
guerreira que soube lutar até o fim, com a esperança de que poderia vencer a
doença, mas sempre respeitando a vontade de Deus.
Não foi fácil.
Durante esse tempo, acompanhei de perto todo o drama e orei muito. Não medi esforços para acompanhá-la onde quer que estivesse. Logo que diagnosticada com um tumor maligno, mesmo sabendo da gravidade, Rô manteve-se tranquila e não demonstrou nenhum tipo de pânico.
Acreditava que a cirurgia, a quimioterapia e radioterapia fossem suficientes para eliminar o problema de vez.
Antes do procedimento, seguiu trabalhando, na medida do possível, naquilo que mais amava e a deixava feliz: exercer a arte. Formada em Artes Plásticas e Ciências Sociais (não exercida), Rosângela tinha um vasto currículo.
Dona de um “baú de ideias”, a baixinha guerreira atuou durante muitos anos como animadora de festas em São João e região, bem como maquiadora artística e contadora de histórias.
Um dos maiores orgulhos da artista foi ter projetado e desenvolvido toda a decoração do Natal, no ano de 2005, em São João da Boa Vista (SP). Lembro-me de ter visto várias fotos e documentos que comprovavam a idealização.
Outro dom que Rô tinha era o de ministrar oficinas culturais ligadas ao tema “Contação de Histórias”. Além de São João, teve a oportunidade de transmitir conhecimento para professoras de Educação Infantil em cidades como Aguaí, Vargem Grande do Sul, Casa Branca, Tambaú, Santa Cruz das Palmeiras e São José do Rio Pardo.
Acostumada a trabalhar com o público infantil, criou, em 2012, a Biblioteca Móvel – projeto de incentivo à leitura em praças e espaços públicos, que foi destaque durante exibição na Feira do Livro em Porto Alegre (RS). Outra atividade prazerosa de Rosângela era a produção de shows musicais. Um deles, o “Tributo a Wilson Simonal”, do qual participei com o grupo Toca do Pagode.
Admirada pelo trabalho desenvolvido e rica em conhecimento cultural, Rosângela recebeu convite para ocupar o cargo de diretora de Cultura e Turismo de Vargem Grande do Sul (SP), em 2012. Desafio aceito, no período em que esteve à frente da pasta municipal, teve a chance de desenvolver diversos projetos na cidade.
Extremante alegre e divertida, a mãe da Yana, Anthonio e Nyna, também era uma exímia chef de cozinha. Tanto que adorava preparar pratos deliciosos, em especial para familiares e amigos.
De minha parte, o que posso dizer é que Marcelo e Rosângela viveram momentos maravilhosos de muito amor e parceria que jamais serão esquecidos.
Na última internação, antes de partir, Rô permaneceu durante um mês no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, na capital paulista. Com o agravamento do quadro, tornando-se irreversível para a medicina, foi transferida para uma clínica localizada em Cotia (SP), na região metropolitana.
Pode ser coincidência, mas, “Tia Rô”, que tanto amava rosas, inclusive sua residência era decorada com a cor favorita, fechou os olhos pela última vez em Cotia, conhecida como a “Cidade das Rosas”. Fiquei imaginando: Co-TIA, “Cidade das RO-sas”.
Três dias antes da partida, em 21 de novembro de 2017, estive no local e
conversei com ela. Naquele momento, apenas eu falei porque Rô já se encontrava
muito debilitada e apenas observava. A última palavra que ouvi dela resumiu:
“obrigada”, falou enquanto eu segurava as suas mãos.
Em seguida, disse que a amava e que continuaria orando muito para que Jesus revertesse a situação. Dei-lhe um beijo e deixei o quarto com a sensação de que fiz o que pude para ajudá-la.
Embora a despedida seja sempre triste demais, agradeço aos MARAVILHOSOS momentos em que estivemos juntos e creio que tenha sido recebida por DEUS.
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