Tenho
uma imagem que jamais sairá de minha memória. O ano era 1993, época em que
exercia a função de auxiliar de serviços gerais numa empresa de São João da Boa
Vista (SP). Não me lembro do dia, mas da frase e do gesto emitidos por um
senhorzinho arrogante e carrancudo, sem dúvida. O cliente havia procurado o
estabelecimento para o conserto de uma máquina de cortar grama.
Na
ocasião, Fui indicado por um colega de trabalho para atender o carrancudo. Foi
quando presenciei o senhorzinho passar a mão direita sobre o braço esquerdo,
raspar por algumas vezes e “disparar”: “se for ele, não quero”, dando ênfase à
cor da pele. E não quis mesmo. Fiquei revoltado (por dentro) com a situação,
mas deixei quieto. Se fosse hoje, meu comportamento seria diferente.
É triste
ver algumas pessoas afirmando que o racismo não existe e que o Dia da
Consciência Negra não vale de nada. Será que sabem do que estão falando? Já
tiveram experiências do tipo? Com
certeza, não.
Para
os que nunca foram preteridos por causa da cor da pele é simples dizer que o dia
20 de novembro é uma data comum. Agora, se vivessem a realidade do dia-a-dia,
enfrentassem obstáculos desde a infância, percebessem os olhares
discriminatórios, que falam mais que palavras, certamente estariam de acordo
com a reflexão proposta nesta data.
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