As portas dos vestiários se abrem. Lá vêm eles rumo ao
gramado. Passa das 15h30. É sábado, 3 de agosto. Em meio aos jogadores como Rondinelli,
Nélio, Adílio, Piá, Beto e Renato Carioca, identifico Andrade, um dos maiores
ídolos do Flamengo, caminhando em passos lentos, apoiados a uma bengala. O
ex-volante, agora técnico, esteve em São João da Boa Vista, na Sociedade
Esportiva Sanjoanense, junto com o máster do Mengão, para o jogo beneficente,
contra o Mikail Kabelo.
Humildemente, Andrade atendeu os admiradores antes, no intervalo
e após o jogo. Campeão mundial em 1981, com o Mengão, o ídolo flamenguista
distribuiu autógrafos, posou para fotos e deu atenção aos que chegavam perto. “É
gratificante [para o] profissional que já parou há tanto tempo. Acho que qualquer
profissional, se sente feliz. Se você esperar alguma coisa de diretor, não terá
esse reconhecimento”, alfineta.
A dificuldade em caminhar deve-se a uma séria infecção no
joelho, que de tão grave, deixou o mineiro de Juiz de Fora por quase um mês na
cama de um hospital no Rio de Janeiro. Além desse obstáculo, Andrade se sente
chateado com a escassez de chances para comandar um grande clube, mesmo tendo sido
o último técnico campeão brasileiro com o Flamengo em 2009.
Apesar de estar marcado na história do rubro-negro,
Andrade não teve o valor reconhecido. Se a carreira de jogador foi brilhante, a
de treinador não decolou. “A princípio foram problemas políticos [no Flamengo].
O futebol brasileiro está nas mãos de empresários. Realmente, fiquei sem
mercado porque não tinha assessor de imprensa e não tenho empresário. Depois
disso, tive problemas de saúde e estou retornando agora, aberto a convite de
algum clube para voltar a trabalhar. Já to quase um ano fora do mercado”, diz
confiante.
Andrade e Adílio, ao lado de Zico, fizeram parte de um dos maiores times do Flamengo
O ex-jogador é de uma época em que o futebol vivia
momentos muito diferentes. Revoltado, Andrade desabafa sobre os verdadeiros empecilhos
que impedem muitos profissionais de estarem desenvolvendo suas atividades.“Futebol é um meio que envolve muito dinheiro, muitas
ambições, pessoas que querem tirar proveito da situação. Mas, como te disse,
estou pronto para trabalhar, sou o último técnico campeão com o Flamengo. Acho
que não fico devendo para nenhum desses treinadores que tem no Brasil”, reforça.
Um comentário:
Quanto foi o jogo?
Postar um comentário